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sábado, 29 de novembro de 2014

 Existe determinismo na Bíblia?

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por Artigo compilado - sáb ago 02, 5:00 pm

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O determinismo torna Deus o autor do pecado e do mal, suplanta o livre-arbítrio humano, distorce o sentido de soberania, torna a oração inútil, esmaga o maior atributo de Deus – o amor – e tira do homem a responsabilidade pelos pecados. Mas os deterministas ainda tem uma última carta na manga: eles dizem que, apesar de tudo, este ensino é “bíblico”. Então, querendo ou não, gostando ou não, devemos crer nele e aceitar suas consequências.
Mas será mesmo que o determinismo é bíblico?
Os calvinistas tem alguns versículos de prateleira, que eles sempre tiram de lá quando veem oportunidade, a fim de provarem que o determinismo, apesar de tudo, é bíblico. Uma passagem que foi repetidamente usada por Calvino foi Lucas 12:6, que diz:
“Não se vendem cinco pardais por duas moedinhas? Contudo, nenhum deles é esquecido por Deus” (Lucas 12:6)
Porém, este texto não está tratando de determinismo, mas de presciência. Cristo diz que nenhum pardal é “esquecido”, ou seja, que ele se lembra de todos, e não que determina cada ação de cada pardal, o que seria ir muito além daquilo que está escrito. Outra passagem bastante usada por Calvino foi Mateus 10:29-30, que a ACF[1] traduziu assim:
“Não se vendem dois passarinhos por um ceitil? E nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai. E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados” (Mateus 10.29-30)
De fato, o texto fala da “vontade” de Deus, mas seria uma vontade decretiva ou permissiva? Por exemplo: se um filho diz à sua mãe que vai sair para jogar bola e voltar mais tarde e a mãe consente, pode-se dizer que o filho não saiu de casa sem a vontade da mãe, embora a mãe não tenha decretado isso (ela não disse para o filho sair de casa, mas meramente permitiu que o filho saísse). É a mesma coisa que ocorre aqui. Não está em jogo um decreto divino sobre a ação de cada passarinho, mas uma vontade permissiva. A NVI[2] traduz com perfeição o sentido do texto:
“Não se vendem dois pardais por uma moedinha? Contudo, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do Pai de vocês. Até os cabelos da cabeça de vocês estão todos contados” (Mateus 10.29,30)
O verso seguinte lança mais luz ao sentido do texto, pois não diz que Deus determinou todos os cabelos da cabeça, mas que contou, passando a ideia de saber e não de ordenar. Deus sabe e Deus permite, ao invés de determinar e ordenar.
Outro texto muito usado por deterministas está no Salmo 139, onde Davi diz:
“Graças te dou, visto que por modo assombrosamente maravilhoso me formaste; as tuas obras são admiráveis, e a minha alma o sabe muito bem; os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra. Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda” (Salmo 139:14-16)
Essa parece ser a declaração bíblica mais forte a favor do determinismo. Infelizmente para os calvinistas, essa é uma tradução mal feita, ainda presente em algumas versões da Bíblia. A King James, por exemplo, que é reconhecida como sendo a tradução mais fiel aos originais, verte da seguinte maneira:
“Os teus olhos viram a minha substância ainda imperfeita, e no teu livro todos os meus membros foram escritos, que em continuação foram formadas, quando ainda não havia nem um deles”
A Almeida Corrigida e Revisada Fiel segue na mesma linha e traduz:
“Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe; e no teu livro todas estas coisas foram escritas; as quais em continuação foram formadas, quando nem ainda uma delas havia”
Alon Franco conclui:
“Assim, as traduções citadas deixam exposta a ideia do original hebraico, que nos permite perceber o que foi pré escrito no livro de Deus: a formação dos membros do seu corpo é que foram pré-gravadas no ‘livro’ – isso se alguém ainda acha mesmo que devemos tomar esse tom poético literalmente. Como mencionado acima, o tema dos versos 13 a 15 é a formação do corpo de Davi. De fato, na primeira estrofe do verso 16, quando se diz: ‘Seus olhos viram a minha substância ainda informe’, também diz respeito à consciência íntima que o Senhor tem do salmista, mesmo antes que ele esteja formado. Davi louva ao Senhor pelo cuidado que tem dele, enfatizando a soberania e amor de Deus que o acompanhava desde o útero de sua mãe. Uma interpretação deste versículo que continua na expressão poética do autor do cuidado notável que o Senhor tomou na formação de seu corpo parece mais adequada”[3]
Portanto, não há nada nestes versículos que prove que os dias do salmista foram escritos previamente. É por isso que este texto tem sido pouco usado pelos eruditos calvinistas mais respeitados (especialmente entre os de fala inglesa, onde a KJV é muito respeitada), embora ainda seja muito usado por leigos que só leem uma versão da Bíblia. O próprio João Calvino não usou este texto nem uma vez, parecendo reconhecer que ele não fornecia uma evidência para a sua tese[4].
Mas o texto mais usado pelos calvinistas é o de Efésios 1:11, que diz:
“Nele fomos também escolhidos, tendo sido predestinados conforme o plano daquele que faz todas as coisas segundo o propósito da sua vontade” (Efésios 1:11)
Ele tem um paralelo forte com Provérbios 16:4, que diz algo semelhante:
“O Senhor faz tudo com um propósito; até os ímpios para o dia do castigo” (Provérbios 16:4)
Os calvinistas usam estes dois textos para dizer que Deus “faz todas as coisas”, incluindo o pecado e o mal, e, portanto, tudo foi predeterminado por Deus. John Feinberg usa este versículo como a base de toda a sua tese do determinismo divino, e diz que “Efésios 1:11 afirma que Deus decretou todas as coisas, até mesmo o pecado”[5]. Alvin Baker concorda e diz que, segundo este texto, “Deus faz ‘todas as coisas’, incluindo o pecado, segundo a sua vontade eterna”[6].
Mas essa é apenas uma interpretação do versículo, e não a interpretação final. Não é este o sentido do texto, muito menos o único sentido possível. Bruce Reichenbach lhe deu uma bela de uma resposta, dizendo:
“Há uma ambigüidade crítica que Feinberg despreza. Será que essa passagem ensina que Deus faz ou suscita todas as coisas segundo Seus propósitos, ou será que ela ensina que todas as coisas que Deus faz, Ele as faz segundo Seus propósitos? A sintaxe gramatical da sentença não nos obriga a adotar uma interpretação ao invés de outra. Por exemplo, uma pessoa pode dizer: ‘João faz todas as coisas muito devagar!’ Não podemos inferir daí que João faz todas as coisas, mas apenas que todas as coisas feitas por João são feitas devagar. De modo semelhante, não se pode inferir deste versículo que Deus faz ou suscita todas as coisas; é igualmente razoável interpretar esta passagem como afirmando que todos os atos de Deus provêm de Seu conselho”[7]
Em outras palavras, Efésios 1:11 e Provérbios 16:4 não dizem que Deus faz tudo e também com um propósito, e sim que tudo o que Deus faz ele faz com um propósito. É a mesma coisa do exemplo de Reichenbach: “João faz todas as coisas muito devagar” não implica que João faz todas as coisas e também as faz devagar, mas sim que tudo o que ele faz, ele faz devagar. É uma frase ambígua, é verdade, e por essa mesma razão está longe de ser a prova conclusiva que os deterministas tanto precisam.
Impressiona que tantos eruditos calvinistas façam tanto carnaval em cima deste texto, como se fosse a “prova irrefutável” que eles precisavam para colocar o determinismo na Bíblia, quando somente uma leitura forçada e tendenciosa do texto impediria uma interpretação indeterminista do mesmo. Se o texto estivesse realmente dizendo que Deus determina tudo e também com um propósito, então teríamos que achar um “propósito” no estupro de bebês. Qual é o propósito nisso? A glória de Deus? Deus precisa ser glorificado através do estupro de infantes? Ele ordena que o bebê seja estuprado para “tirar algo bom” disso? A simples conjectura já é absurda[8].
Outros textos que os calvinistas usam são aqueles que o Antigo Testamento diz que “Deus fez”, quando o que ele fez foi permitir a ação.  Vance aborda isso em “O Outro Lado do Calvinismo”, dizendo:
“Freqüentemente se diz que Deus faz algo quando na verdade ele somente permitiu que fosse feito. Satanás incitou Davi a numerar Israel (1Cr 21.1), mas se diz que Deus fez isto (2Sm 24.1). O melhor exemplo é Jó. Satanás foi a causa do sofrimento de Jó (Jó 1.12, 2.7), mas Jó (Jó 1.21), o escritor de Jó (Jó 42.11), e o próprio Satanás (Jó 1.1, 2.5) o atribui a Deus”[9]
Geisler e Howe acrescentam:
“Embora tenha sido Satanás que diretamente incitou Davi, foi Deus que permitiu essa provocação”[10]
Estes dois exemplos nos mostram que não era incomum o Antigo Testamento retratar Deus “fazendo” algo, quando, na verdade, este “fazer” é equivalente a “permitir”. Não foi Deus quem causou o sofrimento de Jó, mas ele permitiu que o diabo o provasse. Não foi Deus quem incitou Davi a numerar Israel, mas ele permitiu que Satanás o incitasse a isso. Nestes casos, o diabo é o agente ativo (é o que “faz”, de fato) e Deus o passivo (o que permite, embora não cause). Este hebraísmo era relativamente comum e por conta disso muita confusão foi feita pelos deterministas.
Eles se apoiam em textos como Amós 3:6, que diz que nenhum mal sucede na cidade sem que o Senhor o tenha feito, quando o hebraísmo indica que “fazer” aqui é o equivalente a “permitir”. Embora isso seja incomum em língua portuguesa, temos que recordar que o original do Antigo Testamento foi escrito em hebraico, cujo idioma possui diversos hebraísmos e expressões que podem denotar outros significados que vão além da leitura natural do texto para alguém que não está familiarizado com o hebraico.
Um dos exemplos de hebraísmo é exatamente a questão do “fazer”, como nos mostra o Dr. E. Lund, que é erudito especializado nos idiomas bíblicos e autor da obra “Hermenêutica – Regras de Interpretação das Sagradas Escrituras”. Ele nos diz:
“Como prova de que o idioma hebraico expressa em forma de mandamento positivo o que não implica mais que uma simples permissão, e nem sequer consentimento, de fazer uma coisa, temos em Ezequiel 20:39, onde diz o Senhor: ‘Ide; cada um sirva os seus ídolos agora e mais tarde’, dando-se a compreender linhas adiante que o Senhor não aprovava tal conduta. O mesmo acontece no caso de Balaão o dizer-lhe Deus: ‘Se aqueles homens (os príncipes do malvado Balaque) vierem chamar-te, levanta-te, vai com eles; todavia, farás somente o que eu te disser’; dizendo-nos o contexto que aquilo não era mais que uma simples permissão de ir e fazer um mal que Deus absolutamente não queria que o profeta o fizesse. (Núm. 22:20.) Caso semelhante temos provavelmente nas palavras de Jesus a Judas, quando lhe disse: ‘O que retendes fazer, faze-o depressa’ (João 13:27)”[11]
Até mesmo o pastor presbiteriano Charles Hodge, que foi um dos maiores defensores do calvinismo no século XIX, reconheceu isso:
“Destas passagens e de outras similares, é evidente que é um uso bíblico familiar atribuir a Deus ações que ele em sua sabedoria permite acontecer”[12]
Infelizmente, muitos calvinistas não estão familiarizados com os hebraísmos do Antigo Testamento e com as regras de interpretação bíblica e acabam pensando que o verbo hebraico asah possui sempre o mesmo sentido do nosso verbo fazer, ignorando a hermenêutica e, consequentemente, se equivocando na exegese[13]. O próprio Calvino pouco conhecia sobre hebraísmos, e por isso falhava constantemente na exegese dos textos bíblicos, em especial os do Antigo Testamento, já que ele praticamente não abriu o Novo para provar o determinismo na Bíblia. Até mesmo o calvinista Francois Wendel reconheceu isso, dizendo:
“Mas, às vezes, pelo bem da coerência lógica ou da ligação a posições dogmáticas pré-estabelecidas, Calvino também fez violência aos textos bíblicos. Seu princípio de autoridade Escriturística então o levou a buscar as Escrituras por apoio ilusório, por meio de interpretações puramente arbitrárias”[14]
Outro erro muito comum de Calvino foi ter cometido a falácia da inversão do acidente, que é uma falácia que consiste em tomar uma exceção como regra, aplicando um caso específico como regra para uma causa geral. Calvino usou e abusou deste método falacioso. Um dos únicos textos do Novo Testamento citados por ele na defesa do determinismo (junto a Lucas 12:6 e a Mateus 10:29, que já conferimos aqui) foi o de Atos 2:23, que diz:
“Este homem lhes foi entregue por propósito determinado e pré-conhecimento de Deus; e vocês, com a ajuda de homens perversos, o mataram, pregando-o na cruz” (Atos 2:23)
Se Calvino citou dez vezes este texto, foi pouco. Ele usava e abusava deste texto como a “prova” neotestamentária que ele precisava para sustentar o determinismo. Só tem um problema: este texto não fala nada sobre Deus determinar tudo. Ele meramente fala que a morte de Jesus foi determinada de antemão, o que nenhum arminiano indeterminista nega[15].
Calvino queria dar um salto na exegese e induzir que do fato da morte de Jesus ter sido determinada, daí decorre que tudo neste mundo foi determinado, algo que é simplesmente uma violência à exegese, pois o texto não diz isso. Em outras palavras, como Calvino não tinha nenhum texto que provasse que tudo neste mundo foi determinado de antemão por Deus, ele buscava casos isolados de assuntos específicos onde tentava forçar a interpretação para fazer das exceções uma regra.
Vemos, então, que a Bíblia não dá uma base sólida à crença no determinismo, e que as passagens utilizadas pelos deterministas são dúbias, forçadas e que violam as regras de interpretação bíblica. Mas será que o indeterminismo é apoiado biblicamente? Os calvinistas dizem que não. Contra a tese arminiana de que nem tudo é determinado por Deus, Feinberg diz que “se eu pudesse encontrar pelo menos um único versículo que afirmasse isto, eu me tornaria um indeterminista teológico (arminiano)”[16].
Para a satisfação de Feinberg, existem muitos versículos que dizem isso, ou que tem essa conclusão por implicação lógica. Pedro, por exemplo, nos diz:
“Vivam de maneira santa e piedosa, esperando o dia de Deus e apressando a sua vinda” (2ª Pedro 3:11-12)
Se o dia da volta de Jesus já é algo fixo e determinado por Deus antes da fundação do mundo, então como nós poderíamos apressar a vinda de Cristo? Para os calvinistas, este verso simplesmente não faz sentido. Nós não podemos apressar a vinda de Cristo. Nenhuma ação humana pode isso. O dia que Deus determinou antes da fundação do mundo como o sendo o da volta de Jesus será o que Jesus vai voltar e nenhum homem pode “apressar” essa vinda.
Os indeterministas, ao contrário, creem que o dia do Filho do homem será como nos dias de Noé (Lc.17:26). Quando veio o dilúvio? Quando Noé terminou a arca. Quando Jesus vai voltar? Quando a Igreja concluir sua missão na terra. Portanto, o dia da volta de Jesus está condicionado ao sucesso da Igreja, que pode, por sua vez, retardar a volta de Jesus ou apressá-la, dependendo de seu sucesso ou fracasso. Ninguém pode impedir que Jesus volte, mas podemos apressar essa vinda ao pregarmos o evangelho ao mundo todo, que é um dos precedentes necessários para a volta de Jesus (Mt.24:14).
Sendo assim, embora Deus já saiba o dia da volta de Jesus, ele não determinou este dia de modo fixo e independente das ações livres dos homens. Ao contrário: ele condicionou esse dia aos atos livres dos cristãos. Essa é a primeira e uma das mais fortes evidências de que nem tudo foi previamente determinado por Deus, mas que as ações do homem influenciam e escrevem a nossa própria história.
Vimos anteriormente que o pecado não é determinado por Deus. João, como vimos, disse que o pecado não provém do Pai, e, portanto, não pode ter sido determinado por ele:
“Pois tudo o que há no mundo – a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a ostentação dos bens – não provém do Pai, mas do mundo” (1ª João 2:16)
“Provém” tem ligação com a origem. Qual é a origem do pecado? O decreto. Da onde vem este decreto? Dos homens ou de Deus? De Deus. Assim, os calvinistas não podem escapar da lógica de que, se Deus determina e origina o pecado através do seu decreto, é de Deus que o pecado provém. Mas João diz que não. Para João, o pecado é autodeterminado, ao invés de ser externamente causado.
Outra falha do determinismo é presumir que a vontade de Deus é feita sempre. A vontade de Deus nunca pode deixar de ser feita, porque ele decretou de antemão tudo que é feito hoje. Portanto, qualquer coisa que aconteça, essa foi a vontade de Deus, isso foi o que ele determinou que seria. Clark Pinnock escreveu sobre isso, dizendo:
“Em face de tal visão da soberania determinística, como é que alguém poderia deixar de estar dentro da vontade de Deus? Aqui está o ponto central do conceito de Feinberg concernente ao mundo. A vontade de Deus é feita sempre. O milionário em seu castelo, o mendigo à sua porta, Deus decretou que a história decorresse desse jeito. Deus quis que acontecesse, seja o que for que esteja acontecendo. Seria irracional preocupar-se a respeito de qualquer fato, no universo calvinista. Simplesmente submeta-se à vontade determinística de Deus! Se Deus quiser salvá-lo, Ele certamente o fará, sem que você tenha de levantar um dedo para ajudá-lo. Se Ele quer que você seja pobre, é melhor você ir-se acostumando, porque você não poderá mudar nada. Alfredo não precisa preocupar-se com a moralidade de sua fortuna, uma vez que a realidade da responsabilidade moral voou pela janela fora. Maria não precisa alimentar dúvidas, porque tudo quanto vem acontecendo foi planejado para acontecer mesmo”[17]
Ocorre que, biblicamente, a vontade de Deus nem sempre é feita. Se a vontade de Deus fosse feita sempre, teria sido inútil Jesus pedir para orarmos assim:
“Venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mateus 6:10)
Por que deveríamos orar para que a vontade de Deus seja feita na terra assim como ela é feita no Céu, se a vontade de Deus é sempre feita de qualquer jeito? Se a vontade de Deus fosse feita sempre, estaríamos simplesmente desperdiçando tempo de oração, que poderíamos estar investindo em outra coisa. A razão pela qual Jesus orou para que a vontade de Deus fosse feita é porque a vontade de Deus nem sempre é feita. É por isso que João diz:
“O mundo e a sua cobiça passam, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre” (1ª João 2:17)
João traça um contraste entre o mundo e o cristão, e deixa implícito que somente o cristão é que faz a vontade de Deus, já que todos concordam que só ele “permanece para sempre”. O próprio Senhor Jesus deixou claro que a vontade de Deus não é feita sempre, quando disse que alguém tem que decidir fazer a vontade de Deus:
“Se alguém decidir fazer a vontade de Deus, descobrirá se o meu ensino vem de Deus ou se falo por mim mesmo” (João 7:17)
Nem todos descobriram que o ensino de Cristo vinha de Deus, porque nem todos decidiram fazer a vontade de Deus. Jesus também disse que “quem faz a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mt.12:50), porém todos concordam que nem todo mundo faz parte da família espiritual de Cristo, porque nem todos fazem a vontade do Pai que está nos céus. É somente aquele que faz a vontade de Deus que será salvo:
“Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus” (Mateus 7:21)
Ele também contou uma parábola em que somente um dos filhos fez a vontade do pai:
“Havia um homem que tinha dois filhos. Chegando ao primeiro, disse: ‘Filho, vá trabalhar hoje na vinha’. E este respondeu: ‘Não quero!’ Mas depois mudou de idéia e foi. O pai chegou ao outro filho e disse a mesma coisa. Ele respondeu: ‘Sim, senhor!’ Mas não foi. Qual dos dois fez a vontade do pai? ‘O primeiro’, responderam eles. Jesus lhes disse: ‘Digo-lhes a verdade: Os publicanos e as prostitutas estão entrando antes de vocês no Reino de Deus’” (Mateus 21:28-31)
Para os calvinistas, os dois filhos teriam feito a vontade do pai, porque o que o Pai decreta o filho apenas obedece. Se Deus decretou que alguém iria aceitar o chamado divino, ele está fazendo a vontade de Deus, e se ele decretou que outra pessoa não iria aceitar o mesmo chamado, essa pessoa também está cumprindo a vontade de Deus, que determinou isso de forma incondicional e irrevogável. Então, qualquer coisa que aconteça no mundo, é a vontade de Deus expressa no decreto que está se cumprindo. Simplesmente não faz sentido dizer que a vontade de Deus não é feita por alguém, se Deus decretou tudo e ele decreta de acordo com a vontade dele.
A única forma de conciliar tais dados bíblicos com o determinismo seria inventando “duas vontades” em Deus. Uma vontade moral onde ele deseja coisas boas, e outra vontade decretiva onde ele decreta coisas más, de modo que alguém pode estar cumprindo a vontade decretiva, mas não a vontade moral. Mas que razão ou cabimento há em Deus decretar algo que ele não deseja, ou que não é moral? Duas vontades conflitantes em Deus é algo impossível à luz do testemunho bíblico de que Deus “não muda como sombras inconstantes” (Tg.1:17).
Além disso, como Deus poderia ter uma vontade diferente daquilo que ele decreta? Se Deus decretou, não há como mudar esse decreto. O que ele decretou vai acontecer e pronto. Então, simplesmente não há razão para desejar algo diferente do que foi decretado na vida de uma pessoa, se é impossível agir diferente do decreto. É o mesmo que eu ordenar que alguém se jogue de um precipício e morra, e depois dizer que ele não cumpriu a minha vontade.
Há também textos onde o homem resiste a Deus. Em Isaías, por exemplo, Deus diz:
“Quando eu vim, por que não encontrei ninguém? Quando eu chamei, por que ninguém respondeu? Será que meu braço era curto demais para resgatá-los? Será que me falta a força para redimi-los? Com uma simples repreensão eu seco o mar, transformo rios em deserto; seus peixes apodrecem por falta de água e morrem de sede” (Isaías 50:2)
Se tudo é decretado por Deus, por que ele não decretou que os israelitas responderiam ao chamado dele e que seriam redimidos? O texto deixa claro que Deus procurou, mas não encontrou ninguém. Para os deterministas, foi o próprio Deus que determinou que ninguém responderia, e ele que decretou que ninguém creria. Em outras palavras, Deus estaria reclamando com os israelitas por estarem obedecendo a um decreto imutável dele mesmo, contra o qual eles nada poderiam fazer em contrário.
Mas, que o texto não indica isso, é óbvio pelo fato de Deus estar dizendo que seu braço não era curto demais para resgatá-los, nem faltava-lhe força para redimi-los. Ou seja: Deus estava disposto a resgatá-los, mas eles rejeitavam serem resgatados. Isso implica que nem tudo neste mundo é determinado por Deus, senão a própria rebelião dos israelitas teria sido decretada por ele e, consequentemente, seu chamado e sua disposição em salvar seriam falsos e fúteis.
Outro texto que já vimos é o de Jeremias 19:5, onde Deus diz:
“Construíram nos montes os altares dedicados a Baal, para queimarem os seus filhos como holocaustos oferecidos a Baal, coisa que não ordenei, da qual nunca falei nem jamais me veio à mente” (Jeremias 19:5)
Deus não ordenou, não pensou nem falou nada daquilo, mas, para os calvinistas, aquilo havia ocorrido exatamente em cumprimento de um decreto dele mesmo. Deus teria decretado que os israelitas apostatariam da fé e queimariam seus filhos em sacrifício a um deus pagão, e depois teria dito que nunca ordenou uma coisa dessas, como uma típica escusa. É lógico que este texto indica que pelo menos este acontecimento não foi ordenado por Deus, e, sendo assim, Deus não poderia ter decretado tudo – sendo o fim do determinismo.
Algo semelhante Deus diz em Oseias:
“Eles instituíram reis sem o meu consentimento; escolheram líderes sem a minha aprovação. Com prata e ouro fizeram ídolos para si, para a sua própria destruição” (Oseias 8:4)
Deus diz que os reis fizeram aquilo sem o consentimento dele, quando, na verdade, os calvinistas creem que eles fizeram aquilo justamente em cumprimento a um decreto dEle mesmo. Deus decreta aquilo, determina, faz com que aconteça, e depois diz que não consente naquilo que ele mesmo ordenou! Como os líderes dos israelitas teriam sido escolhidos sem a aprovação de Deus, se, na verdade, foi o próprio Deus que determinou a escolha destes líderes antes da fundação do mundo, e os homens estavam apenas cumprindo uma determinação irresistível?
Neste caso, teríamos que concluir que Deus decreta algo e não consente nisso; que ele determina algo que não aprova. Um deus como esse nos deveria causar medo, pois seria tão instável quanto um ser humano, que faz coisas sem pensar e depois as repudia. Alguém que pergunta ao homem que pecou: “que é isto que fizeste?” (Gn.3:13), quando, na verdade, foi ele mesmo que decretou aquele pecado.
Finalmente, há também aqueles versículos que mostram o homem rejeitando o propósito ou plano de Deus na vida dele. Os “fariseus e os peritos na lei rejeitaram o propósito de Deus para eles, não sendo batizados por João” (Lc.7:30), e Jesus chorou sobre Jerusalém (Lc.19:41), dizendo: “Quantas vezes quis eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós não o quisestes!” (Mt.23:37).
Como já vimos, estes textos implicam que o homem pode resistir ou rejeitar o plano de Deus na vida deles. Não era do plano nem da vontade de Deus que os fariseus e os peritos da lei não fossem batizados por João, mas eles não foram. Também não era da vontade de Jesus que os judeus rejeitassem os profetas e abandonassem a Deus, mas eles abandonaram. Jesus queria reuni-los, mas eles não quiseram. Ele quer o bem para todos, mas muitos o rejeitam e cavam o seu próprio abismo.
Diferente do determinismo calvinista, onde Deus traça planos terríveis para a vida das pessoas, incluindo uma série de pecados mortais que culminam na morte eterna, na Bíblia ele planeja sempre o nosso bem e deseja sempre o nosso melhor, mas somos nós que rejeitamos este plano e que assinamos nossa própria perdição. Deus permanece sempre justo e amoroso, “bom para com todos” (Sl.145:9). O homem é quem destroi tudo. O homem é o responsável.
  • Extraído do livro “Calvinismo X Arminianismo: quem está com a razão” – cedido pela comunidade de arminianos do Facebook.

domingo, 28 de setembro de 2014


A Face Oculta da Numerologia

por Artigo compilado - seg fev 18, 1:17 pm
Você sabia que a data do seu nascimento e o número da sua residência têm grande influência sobre os acontecimentos que cercam a sua vida? E que o seu futuro pode ser influenciado pelos números? Pois é justamente assim que creem os seguidores da numerologia, conhecidos como numerólogos. As perguntas que nos vêm à mente são: “O que significam os números? Para que servem? Podem, afinal, influenciar as nossas vidas?”.
Os estudiosos, desde épocas remotas, vêm atribuindo aos números valores filosóficos e religiosos. Através dos números e dos séculos, pensadores e místicos têm expressado seus ideais e conceitos. Na Bíblia, muitas vezes os números aparecem como símbolos, mas não podemos dizer que todos os números nas Escrituras são simbólicos. O costume de atribuir algum significado aos números vem do Oriente.
O dicionarista Aurélio define o termo numerologia da seguinte maneira: “estudo da significação oculta dos números e da influência deles no caráter e no destino das pessoas”. Entre os judeus místicos, a Cabala1, baseada principalmente na simbologia dos números, é cultivada com afinco. Os cabalistas recorrem a um processo chamado gematria (vocábulo grego que significa geometria: ‘medida da terra’. A gematria consiste em atribuir às letras valores numéricos e tirar deste princípio múltiplas conseqüências).
De acordo com o livro “Dicionário de religiões, crenças e ocultismo”, a numerologia é um “sistema ocultista que atribui valores específicos e significados aos números para se determinar o futuro ou conhecer os mistérios do universo físico”.2
A origem da numerologia
É longo o caminho que a numerologia percorre, tanto na filosofia como no ocultismo. Suas origens apontam para Pitágoras3 como sendo o pai dessa atividade. E Platão a incrementou com seus conceitos universais. “O fato de que a natureza (os minerais, a flora, a fauna…) se apresenta ao homem com certa regularidade, simetria ou harmonia, fez que desde remotas épocas os homens tendessem a ver nos números o elemento básico ou o fundamento de toda a realidade: ‘Os números são os princípios das coisas’, dizia Pitágoras; por conseguinte as leis dos números seriam as leis do universo”.4
Devido à harmoniosa sucessão do dia e da noite, das quatro fases da lua, dos sete dias da semana, das quatro estações do ano, da simetria das partes e dos membros do corpo humano, e também da seqüência dos anos, o homem foi conduzido à simbologia e à mística dos números.
O que na verdade Pitágoras fez foi relacionar a realidade aos números. Assim, podemos dizer, em primeiro lugar, que os números têm a chave para a explicação da realidade e, em segundo, que eles são a própria essência da realidade. Como dissemos anteriormente, Platão tomou as lições básicas de Pitágoras identificando seu sistema de idéias e conceitos relacionado aos números. “Ele trabalhou com os conceitos de limitado, não-limitado, determinado, não-determinado. Platão era matemático e, naturalmente, deixava-se atrair por uma teoria que se relaciona à própria realidade”.5
Raciocinando com a numerologia
De acordo com esse estudo, valores numéricos são atribuídos às letras. Um exemplo disso seria que a letra “a” valeria 1 e a letra “z”, 26. As principais funções dessa “matemática” é calcular o valor numérico do nome de uma pessoa junto com a data do seu nascimento. “Por exemplo, Jesus é: J (10), E (5), S (19), U (21), S (19). A adição desses valores é 74. Esse número é reduzido da seguinte forma: 7+4 = 11 e 1 + 1 = 2”.6 Se considerarmos o fato de que o nome Jesus no grego é Iesous, esta colocação fica sem nexo, pois o nome Iesous contém oito letras, o que fornece outro valor numérico.
O mesmo acontece com as datas de nascimento. Suponhamos que o cálculo da data de nascimento de uma pessoa do dia 30-04-80 fosse: 30 + 4 + 1 + 9 + 8 + 0 = 52. A redução desse número seria 5 + 2 = 7. Então, o número dessa pessoa seria 7. Seria a partir desse número que os numerólogos interpretariam a vida de tal pessoa. É seguindo essa forma de raciocínio que muitos estudiosos atribuem o número 666 (associado ao anticristo) às letras do nome César Nero. Existe alguma verdade nessa teoria? É um caso que precisa ser analisado.
Místicos por todo o mundo têm feito previsões baseadas na numerologia, e muitas delas, concidentemente, têm-se cumprido, tornando este método popular entre uma grande parcela da população que busca conhecer aquilo que está por vir. Tais pessoas, no entanto, ao interessar-se pelos acontecimentos futuros visam apenas resolver seus problemas amorosos, financeiros e profissionais. Na verdade, não estão nem um pouco preocupadas em saber sobre as coisas espiritualmente saudáveis reservadas para elas.
Como podemos ver, o assunto é sério, e precisa ser analisado à luz da Palavra de Deus.
A numerologia à luz da Bíblia
Reconhecemos que certos números na Bíblia possuem significado especial, mas isso não quer dizer que devemos exagerar a respeito. O caso dos 153 peixes de João 21.11 vem sendo explorado por toda a história da Igreja. Outro exemplo de controvérsias e especulações são as setenta semanas de Daniel (Dn 9.25-27), bem como a frase “um dia para o Senhor é como mil anos” (Sl 90.4). É uma atitude totalmente sem nexo impor uma interpretação simbólica a estes números.
Sempre houve muitas especulações em torno dos números na Bíblia. Ao que tudo indica, o único número da Bíblia que de fato pode receber interpretação simbólica é o 666: “Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o número da besta; porque é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis” (Ap 13.18).
Seja qual for a maneira usada pelo homem para praticar a adivinhação é abominação diante de Deus. Vejamos o que diz Deuteronômio 18.10-12: “Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo a seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro, nem encantador, nem quem consulte a um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos. Pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor; e por estas abominações o Senhor teu Deus os lança fora de diante de ti”. Levítico 19.31 também tem algo a dizer a respeito: “Não vos virareis para os adivinhadores e encantadores; não os busqueis, contaminando-vos com eles. Eu sou o Senhor”.
O castigo para o praticante da adivinhação, conforme rezava a lei, era a morte: “Quando, pois, algum homem ou mulher em si tiver um espírito de necromancia ou espírito de adivinhação, certamente morrerá, serão apedrejados; o seu sangue será sobre eles” (Lv 20.27).
De acordo com o que diz a Bíblia, um dos motivos que levou Saul à morte foi justamente o fato de ele ter recorrido à adivinhação: “Assim morreu Saul por causa da transgressão que cometeu contra o Senhor, por causa da palavra do Senhor, a qual não havia guardado; e também porque buscou a adivinhadora para a consultar” (1Cr 10.13). Samuel, ao contrário de Saul, havia desterrado todos os adivinhos (Samuel temia o Senhor 1Sm 28.3,9).
O povo de Israel praticava adivinhações e foi duramente advertido pelo profeta Isaías: “Quando, pois, vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e murmuram: Porventura não consultará o povo a seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-á aos mortos?” (Is 8.19).
No Novo Testamento, encontramos o caso de uma jovem que tinha um espírito de adivinhação. Tal espírito, no entanto, foi expulso pelo apóstolo Paulo. O registro desse acontecimento encontra-se em Atos 16.16-18. Vejamos o que diz o texto: “E aconteceu que, indo nós à oração, nos saiu ao encontro uma jovem, que tinha espírito de adivinhação, a qual, adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores. Esta, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo. E isto fez ela por muitos dias. Mas Paulo, perturbado, voltou-se e disse ao espírito: Em nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela. E na mesma hora saiu”.
Claro está que a prática de adivinhação é terminantemente condenada por Deus!
Vivemos diariamente com pessoas que crêem em adivinhações. Para que suas vidas sejam transformadas, precisamos mostrar-lhes a verdade da Palavra de Deus. Somente assim poderemos convencê-las de seus erros.
Em relação a esse assunto, para que não caiamos nas armadilhas do inimigo, devemos defender a fé que uma vez nos foi dada (Jd 3). Fica aqui, então, lançado o desafio. Será que estamos dispostos a fazer pela verdade o que os numerólogos fazem pela mentira?
Notas:
1 Defesa da Fé, nº 32, pp. 52-55.
2 Dicionário de Religiões, Crenças e Ocultismo, Mather & Nichols, Editora Vida, p. 341.
3 Pitágoras (570-495 a.C) importante matemático e filósofo grego. Entre seus mestres é necessário citar Zoroastro, um sábio persa e grande conhecedor da cabala.
4 Pergunte e Responderemos, 1973, ano XIV nº 163, p. 309.
5 Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, Vl 4, R. N. Champlin e J. .M Bentes, Editora Candeia, p. 551.
6 Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, Vl 4, R. N. Champlin e J. .M Bentes, Editora Candeia, p. 552
Por Danilo Raphael e extraído da Revista Defesa da Fé

terça-feira, 9 de setembro de 2014

criticasteologicas.simplesite.com.


Modismos neopentecostais

por Pr. Natanael Rinaldi - sáb set 06, 12:06 am

arca idolatria
Com o titulo pomposo de “E RECEBEREIS PODER…” a revista SEARA*  publica extenso artigo, em que dá contas do fantástico progresso do pentecostalismo no Brasil, avanço tão notável que está preocupando sobremodo a liderança católica.
Visto assim de longe, até que se torna interessante apreciar o franco progresso dos evangélicos no Brasil. A reportagem da revista SEARA analisa o surgimento do pentecostalismo no Brasil, que até há alguns anos atrás era considerado como uma minoria evangélica e hoje já alcança a cifra espantosa de 65% dos evangélicos no Brasil.

1 – PENTECOSTALISMO GENUÍNO?
Há um pentecostalismo genuíno, não se pode negar.
1.1 – BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO
a) O batismo com o Espírito Santo é uma experiência definida, subsequente à salvação, em que a Terceira Pessoa da Divindade desce sobre o crente para ungi-lo e capacitá-lo para um serviço especial. Esta experiência, no Novo Testamento é descrita como o Espírito “caindo sobre”, “descendo sobre” ou sendo “derramado sobre” o crente de maneira repentina e sobrenatural (Lc. 24.49; At. 1.4).
b) o principal propósito do batismo com o Espírito Santo é que o crente tenha poder para o serviço cristão (At. 1.8). Os discípulos transformaram-se em homens diferentes depois que o Espírito Santo desceu sobres eles no Pentecostes. Em João 20.19 eles são vistos reunidos por trás de portas fechadas “com medo dos judeus”. Esse mesmo grupo não pode ser mantido por trás de portas fechadas (At. 5.17-20; 4.19,20,29-31; 6.8,10; 1Co. 2.4).
1.2 – CURA DIVINA
O próprio Deus declarou ser Aquele que cura o seu povo (Ex. 15.26; SI. 103.3). Devemos obedecer e confiar nele ou não? Alguns argumentam que a cura foi apenas um sinal permitido no século I para confirmar o caráter sobrenatural do Cristianismo, e que a cura agora não é mais necessária. Enquanto alguns tipos especiais de milagres foram usados como sinais, fica claramente evidenciado que Jesus não curou apenas como um sinal, mas por ter compaixão do povo em sua situação penosa (Mc. 1.41; Mt. 9.35-38; 14.14). Quem pode dizer que Jesus é menos compassivo hoje?
1.2.1 Métodos de Ministrar Cura Divina:
a) ore por você mesmo – Tg. 5.13;
b) peça a alguém para orar por você – Tg. 5.1;
c) chame os presbíteros da igreja – Tg. 5.14-16;
d) imposição de mãos – Mc. 16.17-18;
Deve ser notado aqui que não há menção de ungir com óleo. Hoje, quando o crente impõe as mãos sobre o doente em nome de Jesus, é como se Jesus estivesse colocando as mãos sobre ele. Este deve ser o procedimento regular dos componentes de uma igreja local.

2 – PENTECOSTALISMO DOENTIO
Mas, ao lado desse lado sadio do pentecostalismo, existe o lado doentio. É esse lado doentio que vamos analisar, a fim de prevenir para que tudo não descambe para um fanatismo religioso de consequências imprevisíveis.
Para que não se tenha a ideia de exagero, é oportuno mencionar o artigo publicado no MENSAGEIRO DA PAZ de setembro de 1997, com o titulo ‘ECOS CONTRA A NOVA UNÇÃO’. Diz o articulista o seguinte:
” … em sua forma de pregar e dirigir cultos, movimentos estranhos, inovações e artificialismos. Todas essas técnicas importadas da outra América são erroneamente interpretadas como sinônimo de avivamento, poder e autoridade de Deus, deixando uma herança negativa e satânica para os jovens brasileiros, que representam a continuidade da direção da igreja, no Brasil”.
Prossegue o articulista na analise de ocorrências estranhas em igrejas pentecostais:
“É de estranhar que… estejam sendo realizados cultos de prosperidade, de quebra de maldição, do poder do assopro, cultos em que há danças espirituais como o bater de palmas, o de libertação etc…”
Reitera o articulista:
“Essa prática satânica representa a irreverência praticada contra Deus e sua santa Palavra, coisas estranhas que não têm fundamento bíblico…”
Com um apelo, conclui o articulista, dizendo:
“Os cristãos que querem seguir a postura doutrinária dos apóstolos e os bons princípios da fé cristã, não devem concordar com a linha herética dos desviados da graça, porém, permanecer nos ensinamentos ministrados por homens de Deus, baseados na santa Palavra”.

2.1 – DESVIOS DOUTRINÁRIOS
Vamos analisar agora essas inovações e movimentos estranhos que estão agindo no meio dos novos pentecostais, embora certos pentecostais tradicionais estejam também aderindo à moda.
2.1.2 – Teologia da Prosperidade
Esse ensino é conhecido por vários títulos:
Confissão Positiva; Evangelho da Saúde e Prosperidade; Teologia da Fé; Palavra da Fé; Movimentos da Fé; Avivamento da Verdade.
Algumas pessoas perguntam inocentemente:
“Não é bom gozar saúde e ser próspero financeiramente?”
“O que há de errado com essa teologia?”
“Porventura é pecado ser rico?”
“Não houve homens de Deus no passado que foram ricos?”
São perguntas com as quais frequentemente nos deparamos. E respondemos: É verdade: Não é pecado ser rico. Quem dera que todos os crentes fossem ricos. Mas não se pode esconder que a maioria dos crentes sejam pessoas pobres, que não ganham mais de dois a quatro salários mínimos. E daí, como se encontram tais pessoas diante dos ensinos da TP? É aí que começa o problema.
2.1.3 – Pobreza É Pecado
Porventura ser pobre é pecado? Obviamente será respondido, não. O problema com a TP surge no ensino de que pobreza é maldição, é pecado. Assim ensinam:
“Não só a preocupação é pecado, mas também ser pobre é pecado, porque a promessa de Deus é a prosperidade.”
“A saúde, o êxito, a felicidade e a prosperidade são a vontade de Deus para você, quando você crê suficientemente em sua Palavra como também atua sobre ela”.
“Pobreza é uma maldição, e não é uma bênção. Nenhuma pessoa normal deseja que o seu filho seja pobre e miserável.”
Trata-se de engodo. Na verdade quem está ficando rico são os pregadores da TP e as igrejas que ensinam aos outros ficar ricos ou gozar de saúde. Exemplo inegável é a Igreja Universal do Reino de Deus. Como se pode demonstrar o tamanho da sua fé quanto às promessas de Deus? Na medida da sua contribuição:
Dê uma oferta de sacrifício e ofertas de sacrifício não são menores do que RS 100,00. Oferta de sacrifício mínima é um salário mínimo. Para quem ganha dois ou três salários mínimos, na verdade, dar um salário mínimo é um verdadeiro sacrifício”.
“Se você quer um relógio bonito, por que você não dá o seu para alguém, e fica esperando a chegada do relógio que você quer?”
“Se você quer um carro bonito, por que você não dá o seu e fica esperando o novo carro chegar?”
Como dissemos, quem realmente está prosperando, a ponto de ostentar esbanjamento, que constitui ultraje à pobreza dos próprios membros que a frequentam, é a IURD. A Revista VEJA de 15-10-97, p. 115 traz uma reportagem sobre templos que estão sempre construídos pela IURD no Brasil. Acaba de inaugurar em Curitiba um templo. Sobre esse tempo, diz a revista, “zero bala, bonitão, bem acabado, que promete ser o primeiro de uma série de dez megatemplos, que serão erguidos até o ano 2000″. A Catedral do Rio deve custar R$ 30 milhões. Tal é o esplendor da construção, que a revista VEJA observa: “o que chama a atenção mesmo é o luxo”.
Perguntamos: se o retorno funciona, por que os pregadores da TP não enviam a cada pessoa, por exemplo, R$100,00 a fim de obter milhões de reais de retorno? Parece que não creem no que ensinam. Para atingir seus objetivos reprováveis, não se acanham de citar erroneamente a Bíblia. É o que fazem quando citam Marcos 10.30. Dizem:
“Se Deus fosse contra riquezas, Jesus não prometeria abençoar 100 vezes tanto…”
Declaram mais:
“Dá US$ 10,00 e receberás US$ 1,000,00; dá US $ 1,000,00 e receberás 100.000,00″.
O texto de Mc. 10.30, citado como apoio dessa interpretação capciosa, registra não só cem vezes em casas, campos etc., mas também registra “com perseguições”. Só que os pregadores da TP omitem essa particularidade porque ‘perseguições’ não interessa aos seus ouvintes. Como entender literalmente cem vezes tanto em irmãos, irmãs, mães? O contexto de Mc. 10.30 mostra que se trata de um apelo para crucificarmos nosso egoísmo quando no serviço de Deus.
A BÍBLIA ENSINA:
a) Que não é pecado ser pobre nem que isso constitui falta de fé. Recomenda o equilíbrio na vida financeira para cada um de nós (Pv. 30.8-9);
b) Sobre o perigo da cobiça ou avareza, e que isso sim constitui pecado (1Tm.6.7-9,17);
c) que os pobres são bem-aventurados por ouvirem o evangelho e crerem: Lc. 4.18; 6.20; Mc. 10.21; 14.7;
d) Advertência de Deus para os ricos: Mt. 6.19-21; Mc. 4.19; Mc. 10.25; Lc. 6.24;
O Mensageiro da Paz, órgão das Assembleias de Deus no Brasil, na sua edição de junho de 1991, p.15, declarou:
“Milhões de crentes zelosos no Terceiro Mundo nada têm de posses materiais. Estão enganados ou fracos na fé? Eles entendem mais sobre a cruz do que do carro do ano, e a única riqueza de que se ufanam é a vida eterna”.
2.1.4 – Doença como Pecado
A maneira de um cristão morrer, segundo a TP, depende de sua fé e estabelece que o mínimo de vida de um cristão são setenta anos.
“O mínimo que você deveria viver são setenta anos. Você deveria ir até aos cento e vinte anos. É o que a Bíblia declara”.
Quanto à doença, o cristão só vive doente se quiser:
“O propósito de Deus para cada crente é que viva completamente livre de enfermidade ou dores. Fica a seu critério se quer viver assim ou não. Assim é que quando o crente se mantém sofrendo com dores físicas, não tem ninguém a culpar, senão a si mesmo.”
A BÍBLIA ENSINA:
a) Que muitos personagens bíblicos tiveram grande fé, embora fossem pessoas doentes. É o caso de Eliseu, Lázaro, Dorcas, Paulo, Timóteo, Epafrodito (2Rs. 13.14; Jo. 11.2; At. 9.36,37; Gl. 4.13-15; 1Tm. 5.23; Fp. 2.25-30);
b) Que nem sempre a enfermidade é consequência de pecado. O homem cego de nascença é um caso específico (Jo. 9.1-3);
c) A morte de Lázaro redundou na glória de Deus (Jo. 11.1-4,40).
Ainda que possamos ensinar que a expiação de Cristo na cruz se estende também à redenção do mundo físico, vamos continuar sofrendo os efeitos do pecado até que Deus estabeleça uma nova ordem onde, as agruras da vida não mais existirão (Rm. 8.21-25; Ap. 21.1-4).
2.1.5 – Cair no Poder
Uma nova unção está sendo anunciada, CAIR NO PODER, ou passar por um arrebatamento de sentidos. A cena se descreve por pessoas participantes de cultos onde tais ocorrências se verificam. Pessoas se levantam de seus lugares inopinadamente, rodopiam com os braços erguidos horizontalmente, movimentando os braços numa semelhança de anjos voando. Depois caem desacordadas, com suas vestes em desalinho, ensejando cenas indesejáveis de irmãs com seus vestidos erguidos e pernas desnudas. Alguém corre e cobre, com um lençol aquela irmã que está em desalinho.
Pregadores que se dizem dotados dessa nova unção espetacular, sopram profundamente em microfones, para que o sussurro do barulho no microfone, condicionem as pessoas a cair no poder. Quando tal queda não se manifesta, esses pregadores jogam seus paletós sobre os ouvintes e quando ainda assim não funciona a queda coletiva, existe o empurrão na testa, recurso final para que se proporcione a queda.
Os obreiros que usam de tal recurso são tidos como altamente espirituais, semi-deuses ou supercrentes, reverenciados pelos seus ouvintes como pessoas especiais. Suas ordens são obedecidas prontamente, mormente quando o assunto é dinheiro. Ninguém se poupa, porque quer agradar a Deus e demonstrar sua espiritualidade. Se não cair no poder isso demonstra que o crente está distante de Deus, num ambiente francamente frio e impossível de ser atingido pelo CAIR NO PODER.
A BÍBLIA ENSINA:
a) Que, na verdade, certos homens de Deus passaram por experiências notáveis de cair realmente sob o poder de Deus. É o caso de Ezequiel (1.28; 3.23; 43.3); Daniel (8.18; 10.9); Pedro (At. 10.10-16); Paulo (2Co 12.1-4); João (Ap. 1.10).
b) Que quase sempre essas pessoas caíam para frente, de joelhos, em adoração, não caíam para trás, de costas, com pessoas adredemente aguardando tais quedas para trás;
c) Que havia o relato do que observavam em tais êxtases. Hoje ninguém sabe dizer o que houve, realmente, nesse intervalo em que se mantiveram desacordados ou arrebatados. Em 1Co. 14.15 se lê que devemos orar com o Espírito e com o entendimento. Orar com o entendimento significa orar e louvar a Deus através de nossa própria consciência e no poder do Espírito Santo.
d) Que a nova unção pressupõe um novo evangelho, portanto um evangelho diferente, anatematizado (Gl. 1.8). Não se deve falar em nova unção. Deve haver renovação da unção (1Jo. 2.26,27).
2.1.6 – Dentes de Ouro
Muito se tem falado sobre o fenômeno dos dentes de ouro. A pergunta que se ouve é se a procedência é de Deus, dos homens ou até dos demônios. E isto porque, a primeira ocorrência de manifestação do fenômeno de alguém ser agraciado com dentes de ouro, foi numa sessão de umbanda, com uma mãe de santo.
Os cultos onde se observam essa dádiva de dentes de ouro são conhecidos como o CULTO DO GARIMPO e isto por uma razão bem plausível: a de se ver pessoas com pequenos espelhos dentários examinando as bocas dos que disserem ter recebido essa bênção, atribuída como um milagre de Deus.
A revista ULTIMATO de julho/93 p. 29 relata o trabalho de pesquisa de dentistas com um processo denominado de “protocolo da semiologia” com o seguinte resultado:
● 90% dos casos foram classificados como restaurações ou incrustrações já pré-existentes. Destes, cerca de 75% eram incrustrações de duracast (uma liga de cobre e alumínio, que assume o aspecto semelhante ao ouro, em coloração e brilho);
● Os restantes 25% eram restaurações em ouro, antigas na cavidade bucal dos examinados.
● Relata ainda a revista que durante um culto de testemunho de pessoas que haviam supostamente recebido milagre do dente de ouro, em 30 pessoas que testemunharam não se comprovou um só caso de milagre. Explicação possível: catarse coletiva.
A BÍBLIA ENSINA:
a) Amós 4.6 “Por isso vos dei limpeza de dentes em todas as vossas cidades” não apoia essa onda de “dentes de ouro”. Limpeza de dentes refere-se à falta de alimento para o povo comer, em decorrência da desobediência a Deus.
b) Atos 13.40,41 “Porque opero uma obra em vossos dias, obra tal que não crereis, se alguém vô-la contar”, mas diz respeito ao reino de Judá devastado pela Babilônia em 587 AC.;
c) O único milagre em que aparece metal na boca foi uma moeda com a qual Jesus pagou imposto por si e por Pedro (Mt.17.24-27). A boca era de peixe e a moeda era de prata.
2.1.7 – Outras Esquisitices
  • As crianças que nascem mortas, ou que morrem na infância, a culpa é dos pais.
“As crianças que nascem mortas, que não têm controle sobre suas vidas, seus pais possuem o controle dessas vidas. Se os pais não conhecem a Palavra de Deus, e não clamam por seus direitos em Cristo, as crianças morrem prematuramente”.
A BÍBLIA ENSINA:
Davi orou por seu filho recém nascido na condição de servo de Deus e não houve resposta favorável (2Sm. 12.16-23).
  • Confissões negativas produzem enfermidades:
“Nossos lábios podem fazer-nos milionários ou conservar-nos pobres”. Uma confissão negativa dá a Satanás o direito de infligir a doença. Falar sobre a doença é um modo de adorar o diabo e deve ser expressamente proibido”.
A BÍBLIA ENSINA:
a) Que o pai de um jovem possesso admitiu sua dificuldade em crer na libertação do seu filho, e ainda assim seu filho foi curado (Mc. 9.27-37);
b) Que Davi expressou suas dúvidas quanto à sua sobrevivência diante da perseguição de Saul, e ainda assim escapou das mãos de Saul (1Sm. 27.1);
c) Que os jovens expressaram diante de Nabucodonor a possibilidade de Deus não poupá-los da fornalha de fogo, e assim mesmo foram livres dela (Dn. 3.16-18).
  • Os cristãos devem negar os sintomas da dor:
“Quando o diabo trata de colocar sintomas de enfermidades ou a mesma doença em meu corpo, eu a recuso de forma absoluta”.
A BÍBLIA ENSINA:
a) Que os sintomas, longe de serem artimanhas do diabo, são sinais que nos levam a depender do poder curativo que o mesmo Deus tem colocado em nossos corpos. Por exemplo, o câncer descoberto a tempo facilita o diagnóstico e dá margem à cura.
b) Que a mulher ao conceber estaria cercada de dores, e no parto ela não pode negar essas dores (Gn. 3.16-19).
  • Os cristãos não devem procurar a Medicina:
“O mundo tem um sistema de cura que é um fracasso miserável. Eu vivo o que prego. Se não atua em mim a cura, não atua mais em ninguém. Eu não uso remédio… Tenho minha fé operando de tal modo que não necessito de remédio”.
A BÍBLIA ENSINA:
a) Que Paulo era acompanhado por um médico chamado Lucas (Cl. 4.14);
b) Que Paulo recomendou a Timóteo a não tomar água só, mas um pouco de vinho, por causa das suas frequentes enfermidades estomacais (1Tm. 5.23);
  • Pedir ou Exigir?
Os teólogos afirmam que o crente não deve pedir, deve exigir de Deus os seus direitos. E assim, no meio dos crentes envolvidos com a TP se ouve frequentemente:
“Eu exijo”
“Eu determino”
“Eu decreto”
“Eu reivindico”
Isso tudo em vez de “Eu peço”, “Eu suplico”, “Eu rogo”.
KENNETH HAGIN chega a afirmar que nunca encontrou na Bíblia um não de Deus.
A BÍBLIA ENSINA:
a) Que Moisés implorou a Deus permissão para passar o Rio Jordão e ver a terra prometida e não foi atendido (Dt. 3.23-29);
b) Que Paulo por três vezes implorou a Deus para ficar livre do espinho na carne e não foi atendido (2Co. 12.7-9);
c) Que Paulo orou por Trófimo e Timóteo, mas que não foram atendidas suas orações (1Tm. 5.23; 2Tm. 4.20);
d) Que devemos tomar uma atitude humilde e pedir, rogar em oração (Jo. 14.13,14; Lc. 11.11-13).
  • Entrevistar Demônios
A IURD tem proporcionado aos telespectadores da TV Record um entretenimento que só se via em filmes de terror: demônios, lobisomens, vampiros etc. Boa parte dos programas da madrugada até o amanhecer é gasto com entrevistas a possessos por demônios, ouvindo falar de suas peraltices e maldades.
Os possessos dão nomes de suas entidades ligadas ao Candomblé e eles são tratados como se realmente fossem assim chamados. Exu Caveira, Exu Tranca-Rua, Pomba Gira etc. E os crentes estão abusando de mandar que os demônios estejam amarrados, com a célebre frase ESTÁ AMARRADO. Com isso pensam que suas ordens são obedecidas e que os demônios estão mesmo amarrados.
A BÍBLIA ENSINA:
a) Que a autoridade dada por Jesus aos crentes é no sentido de expulsá-los e não amarrá-los (Mt. 17.21; At. 16.16-18);
b) Que não devemos tomar os seus nomes em nossos lábios (SI. 16.4);
c) Que no texto de Mt. 12.29, onde se apoiam os que pretendem amarrar os demônios, seu contexto (v. 24-30) mostra que na realidade Jesus mostrou aos fariseus que Ele expulsava os demônios pelo seu poder, e não pelo do principal dos demônios Belzebu.
MALDIÇÃO HEREDITÁRIA
UNÇÃO DO RISO (OU GARGALHADA SANTA)
EMAGRECIMENTO INSTANTÂNEO
O Que virá pela frente?
CONCLUSÃO
Em Provérbios 24.21 se lê: “Teme ao Senhor, filho do homem e ao rei, e não te entremetas com os que buscam mudanças”. Mudanças doutrinárias causam insegurança entre os crentes. Como é que os crentes vão saber, se as coisas novas que estão hoje sendo ensinadas, serão verdade amanhã? Não parecem antes ser modismos que surgem e posteriormente desaparecem? Em Hebreus 13.9 se recomenda a não nos envolvermos com doutrinas estranhas, resultantes de ensinos de homens que torcem as Escrituras (2 Pe 3.16).
* “E RECEBEREIS PODER…” a revista SEARA de outubro de 1997

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

OS 10 PRINCIPAIS ERROS DE UMA PREGAÇÃO NEOPENTECOSTAL


Antes de qualquer coisa gostaria de afirmar que acredito que boa parte dos pastores neopentecostais  amam a Cristo e desejam de servi-lo com integridade, honestidade e compromisso. Entretanto, em virtude do desconhecimento das Escrituras, além é claro de não terem sido qualificados para a pregação, cometem erros que muitas das vezes contribui com a maculação da mensagem. Nessa perspectiva não são poucas as ocasiões em que os pregadores neopentecostais erram feio passando aos seus ouvintes percepções equivocadas das Escrituras Sagradas.

Isto posto, gostaria de elencar aquilo que considero os 10 principais erros de uma pregação neopentecostal:
  
1-) Alegorização das Escrituras

Uma das principais características do pregador neopentecostal é o uso de alegorias em seus sermões. É comum por exemplo observamos muitos dos pastores neopentecostais dizendo aquilo que as Escrituras não ensinam. Outro dia eu ouvi um "Apóstolo" ensinando que os Jebuseus, heteus e amorreus (Dt 7:01; 20:17; Js 3:10) simbolizam, o diabo, a carne e o mundo. Para o pregador em questão toda vez que a bíblia faz menção aos amorreus, (Marcos 2: 3-12) significa que Deus deseja a morte do "eu". Noutra ocasião soube de um pregador que ensinou que os amigos do paralítico curado por Jesus simbolizavam, amor, compaixão, misericórdia e companheirismo. 

Caro leitor,  por favor pare e pense: não é isso que a Bíblia ensina não é verdade? O pregador poderia até dizer que os amigos do paralítico agiram com amor, compaixão, misericórdia, companheirismo e muito mais. Todavia, afirmar que os quatro representavam isso é demais da conta, não é mesmo? Quanto aos amorreus é uma forçação de barra  descomunal. Dizer que estes simbolizavam a morte do "eu" é demonstrar nenhum conhecimento de hermenêutica e exegese.

Alegorizar as Escrituras é um método de interpretação muito perigoso. O reformador alemão Martinho Lutero foi um grande defensor do método literal, em contraposição ao método alegórico que predominou na idade média.  Lutero dizia:  "As escrituras devem ser mantidas em seu significado mais simples possível e entendidas em seu sentido gramatical e literal, a menos que o contexto claramente o impeça”. João Calvino como Lutero, também rejeitava a interpretação alegórica das Escrituras. O reformador francês ressaltava o método histórico e gramatical, a natureza cristológica, o ministério esclarecedor do Espírito Santo e o correto tratamento das tipologias no Antigo Testamento

2-) Ausência de uma hermenêutica Bíblica

Um dos maiores problemas dos pastores neopentecostais  é a falta do conhecimento das regras da Hermenêutica Bíblica para a pregação da Palavra. Em virtude disso  é extremamente comum ouvirmos absurdos, que, muitas vezes, acabam causando enormes contradições doutrinárias e até mesmo as famosas “heresias de púlpito”. 

A expressão Hermenêutica provém da palavra grega “hermeneutike” que, por sua vez, se deriva do verbo "hermeneuo", significando: a arte de interpretar os livros sagrados e os textos antigos. Segundo a história Platão, foi o primeiro a utilizar essa palavra. A hermenêutica forma parte da Teologia exegética, ou seja, a que trata especificamente da interpretação das Escrituras.
 

À luz desta afirmação gostaria de levá-lo a refletir comigo sobre os princípios hermenêuticos usados por Calvino:

1º - Calvino Renunciou a alegorias  entendendo serem elas armas de deturpação do sentido das Escrituras. 

2º   Calvino costumava enfatizar o sentido literal do texto.

3º   Ele acreditava que o ministro deveria ser inteiramente dependente da operação do Espírito Santo para a correta interpretação da Bíblia.

4º   Ele valorizava o estudo das línguas originais para melhor compreensão do ensino sagrado.

5º   Ele cria numa tipologia equilibrada, evitando impor a textos vetero-testamentários simbolismos que eles não suportam.

6.   E por fim ele acreditava que a melhor forma de se interpretar a Bíblia é a própria Bíblia.

3-) Exagero nas expressões coloquiais e chavões eclesiásticos

Uma das práticas pentecostais mais comuns é uso de chavões. Confesso que ouvir alguns dos nossos pastores pregando é um verdadeiro desafio. Se não bastasse o constante atentado ao vernáculo, suas mensagens estão repletas de expressões e chavões. É comum em meio às pregações ouvirmos: “Este varão é canela de fogo. Aquela irmãzinha que caiu no rétété. Deus desenrolou o mistério pro vaso? Eita manto, né? Não dá mole não que o chicote queima irmão! Ah! graças a Deus que eu conquistei a minha rebeca! Sim, porque jovem solteiro é treva, irmão! Tá amarrado! A abençoada é uma jovem crente! Consegui fugir dessa Jezabel que era laço! Julgo desigual não vale! É benção. Misericórdia! Oh glória! Somos cabeça, não cauda. Determine a benção! Quando eu era do mundo... Queima! Geração apostólica. Amém ou não amém? E diga  para a pessoa que está ao seu lado. Repita comigo!

 Pois é, em pregações deste tipo se gasta muito mais tempo usando os jargões evangélicos do que se proclamando a Palavra de Deus. Na verdade, boa parte dos pastores demonstram ao longo da aplicação da mensagem um completo despreparo teológico, optando assim escancaradamente pelo uso invariável de chavões.

Isto posto, é impossível não nos lembrarmos de homens como o Dr. Martin Lloyd-Jones. Nos cultos que pregava, centenas de pessoas eram atraídas pela pregação expositiva da Palavra de Deus. O doutor, como era chamado, levava muitos meses, até mesmo anos, a expor um capítulo da Bíblia, versículo por versículo. Os seus sermões muitas vezes duravam entre cinquenta minutos e uma hora, atraindo muitos estudantes das universidades e escolas em Londres que encantados ficavam com a pregação do evangelho.

Vale a pena lembrarmos daquilo que o reformador francês João Calvino costumava dizer quanto a Palavra de Deus. “A Escritura é a fonte de toda a sabedoria, e os pastores devem extrair dela tudo aquilo que expõem diante do rebanho” Calvino afirmava que através da exposição da Palavra de Deus, as pessoas são conduzidas a liberdade e a segurança da fé salvadora, dizia também que a verdadeira pregação, tem por objetivo abrir a porta do reino ao ouvinte, isto é, em outras palavras o que ele está a nos dizer, é que as Escrituras Sagradas, devem ser o principal instrumento na condução, consolidação e pastoreamento do povo de Deus.

4-) O uso e a miscigenação de textos bíblicos com textos bíblicos fora de contexto

Essa é uma prática muito comum entre os pregadores neopentecostais. Para fundamentar sua teologia os pastores em questão misturam textos variados usando-os fora de contexto para justificar seus ensinos equivocados. Nessa perspectiva por exemplo é comum o pregador neopentecostal ao ensinar sobre sobre um determinado assunto usar versos isolados das Escrituras, misturando-os segundo seu próprio entendimento, criando assim distorções doutrinárias das mais sérias. O interessante é que dificilmente você encontrará um pregador neopentecostal pregando as Escrituras de forma expositiva, até porque, se pregasse expositivamente ele não teria como sustentar seus ensinamentos.

5-) A forte ênfase na satisfação das necessidades humanas

Uma das principais ênfases da pregação neopentecostal é a satisfação das necessidades humanas. O púlpito neopentecostal não fala do pecado, das consequências dele, da salvação pela graça mediante a fé em Cristo Jesus, bem como das doutrinas fundamentais a fé cristã. Antes pelo contrário, no púlpito neopentecostal não há espaço para as doutrinas da graça, mesmo porque o foco principal do pastor neopentecostal é satisfazer o cliente.  

Caro leitor, se fizermos uma análise dos cultos neopentecostais chegaremos a conclusão que boa parte do tempo da reunião é focado exclusivamente no homem e em suas necessidades. 
6-) Foco constante em autoajuda e no bem estar humano 

Os púlpitos neopentecostais  estão repletos de pregadores que abandonaram a exposição das Escrituras em detrimento a técnicas de autoajuda. Nessa perspectiva é comum encontrarmos nas homilias neopentecostais ênfases quase que exclusivas na satisfação humana, para tanto, tornou-se comum por parte dos pastores neopentecostais o uso de técnicas de psicologia e psicanálise em suas homilias. Pois é, a impressão que tenho é que alguns pregadores em nome da "satisfação humana" abdicaram da mensagem da Cruz tornando-se   mestres de autoajuda, afagadores do ego. 

7-) Ausência das principais doutrinas cristãs como salvação pela graça, perdão de pecados e vida eterna

O pregador neopentecostal não prega sobre as principais doutrinas do Cristianismo. No púlpito neopentecostal não encontramos qualquer tipo de menção a doutrinas como Salvação pela graça, Imputação de pecados, volta de Cristo, destino eterno dos homens, juízo final e muito mais.

8-) Foco em riquezas e prosperidade
 

O pregador neopentecostal não tem outro tipo de pregação a não ser aquela que foque em  prosperidade, riqueza material e sucesso. No púlpito neopentecostal tudo está relacionado ao aqui e agora, e  o foco da mensagem é a satisfação humana. Para o pregador neopentecostal o que mais importa é a bênção de Deus sobre todos aqueles que invocarem poderoso nome do Senhor.

9-) Ausência do Evangelho

No púlpito neopentecostal prega-se tudo menos o evangelho. Nessa perspectiva dificilmente encontramos o pregador pregando sobre pecado, arrependimento, fé e necessidade de salvação. A mensagem do Evangelho para o pregador neopentecostal relaciona-se diretamente as bênçãos de Deus e nunca a necessidade de arrepender-se de salvação e vida eterna. 

10-) A super valorização do poder do diabo

Alguns pregadores neopentecostais enxergam o diabo em tudo. Os pastores em questão construíram em suas mentes a ideia de que a vida é um grande conflito entre forças opostas. 

O Movimento neopentecostal tem contribuído efetivamente com a propagação deste conceito, concedendo a Deus e o diabo; pesos idênticos. Para estes, a vida é uma grande trincheira, onde satanás e o nosso Deus lutam de igual para igual pelas almas da humanidade. Esta afirmação aproxima-se em muito da antiga heresia conhecida como maniqueísmo que ensinava que o universo é dominado por dois princípios antagônicos e irredutíveis: Deus ou o bem absoluto, o Diabo ou o mal absoluto. Infelizmente por considerar o bem e mal, como forças idênticas em peso e poder, os pregadores desta doutrina rejeitam a soberania de Deus sobre o inimigo de nossas almas.

Caro leitor, as Escrituras Sagradas em momento algum nos mostram um mundo dualista onde bem e mal protagonizam batalhas pirotécnicas cujo final é imprevisível. Antes pelo contrário, ainda que a Bíblia nos mostre as ações ardilosas de nosso inimigo, os quais não devem ser desprezadas, ela jamais trata do diabo como alguém que tem poder para se opor a vontade soberana de Deus.

Por favor, pare, pense e responda: Quem está regendo os acontecimentos na terra, Deus ou o diabo? Quem reina majestosamente no céu, Deus ou o diabo? Quem a Bíblia diz que estabelece e destitui reis, conforme a sua soberana vontade?

Ora, a visão de Deus reinando de seu trono é repetida nas Escrituras inúmeras vezes (I Rs 22.19; Is 6.1; Ez 1.26; Dn 7.9; Ap 4.2). Na verdade, os muitos textos bíblicos possuem a função de nos lembrar em termos explícitos, que o SENHOR reina como rei, exercendo o seu domínio sobre grandes e pequenos. O senhorio de Deus é total e nem mesmo o diabo pode deter seu propósito ou frustrar os seus planos.

Os neomaniqueistas sem que percebam rejeitam o governo de Deus na história, fundamentando sua fé em achismos e impressões absolutamente antagônicas ao ensino bíblico. Nas doutrinas neomaniqueistas, Caim virou Vampiro, portais dimensionais se abriram, trazendo a tona lobisomens, dentre outras lendas e superstições absurdas. Além disso, batalhas hercúleas são travadas a cada dia no mundo espiritual por Deus e o diabo, demonstrando assim o “quão forte e poderoso é o inimigo de nossas almas”.

Caro leitor, Jesus Cristo é o libertador e rei triunfante, é o autor e consumador de nossa fé, o Senhor da gloria. Sobre ele satanás não teve controle, nem tampouco poder. Através da morte na cruz , Cristo quebrou as forças opressoras do diabo, transportando-nos graciosamente para o Reino de Deus Pai. A guerra já foi vencida! Louvado seja o seu santo nome por isso! Satanás não tem poder sobre os eleitos de Deus! Somos de Cristo, e com Cristo viveremos por toda eternidade!

Renato Vargens 

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